sexta-feira, 29 de março de 2013

Sobre-viver no presente

Eu poderia começar esse texto dizendo o quanto os tempos pós-modernos vêm produzindo uma geração de indivíduos estressados, estafados e, consequentemente estúpidos; porém isso soaria muito como parágrafo inicial de um trabalho de conclusão de curso - além de absolutamente clichê -, então é melhor ser mais direta.

Como amigos mais chegados e minha família sabem, sucumbi à psicoterapia há quase três anos. Digo que sucumbi porque sempre tive tremenda resistência ao divã e à ideia de que precisaria de auxilio para compreender o emaranhado em que me meti. No entanto, não eram poucas as pessoas que me descreviam a qualidade de vida que um psicólogo proporciona ao vivente. Ok, aceitei. E passei a recomendar o meu para uma porção de gente.

E aí que, depois de um bom tempo e dedicada investigação em equipe e minha insistência em crer que sofria de TDAH, fui diagnosticada na realidade com TAG. Faz bem mais sentido, até. Problemas para dormir em paz me acompanham há tanto tempo que sequer consigo determiná-lo; a concentração nas atividades profissionais é quase impossível e só acontece quando coloco grilhões no meu foco e o ameaço com algum castigo (se você não me ajudar a terminar a tarefa, não poderá checar as últimas notícias nem olhar o Twitter!); corpo tenso e dores de coluna, estômago, cabeça, se alternam; a preocupação com o futuro que estaria fora de controle é constante; rever o que não deu certo no passado, uma tortura freqüente.

A solução, segundo um livro que estou lendo e meu psicólogo?
Viver no presente. O máximo de tempo possível.

Parece simplista e super fácil, mas definitivamente não é.
A característica mais forte do TAG é justamente a incapacidade de parar de se preocupar com o que NÃO está no momento presente, e que provavelmente nem pode ser previsto ou prevenido. E sofro demais com essas preocupações vindas de todas as áreas da vida. Me preocupo com os prazos acordados para entregar os projetos na empresa onde trabalho, talvez por esses prazos freqüentemente serem estabelecidos por outras pessoas e não eu. Como não pude orçar o tempo de desenvolvimento da atividade, sinto que não a entregarei a tempo e me preocupo demais.

Vivo preocupada com as contas para pagar, mesmo sabendo quanto receberei de salário a cada início de mês e quais são meus custos fixos. Parece que nunca vai dar, que o banco vai me ligar e temo que não sobrará grana para eu fazer uma viagem ou compra necessária para a casa.
Me preocupo com como será o próximo final de semana que passarei na casa dos meus pais, pois, aos poucos, tenho assumido a posição de conciliadora de uma relação desgastada. Mesmo que não saiba como estará o humor deles quando chegar, aciono lembranças de dias ruins e tenho medo.
Me preocupo se minhas atitudes (geralmente francas demais) machucarão ou afastarão pessoas de quem gosto. Irracionalmente tento adivinhar o que passa pela cabeça delas e tomo partido sobre minha percepção, não sobre o fato que sequer aconteceu - logo, ainda não é um fato.

Ou seja, como ficou claro, o problema do transtorno de ansiedade generalizada é o medo e a preocupação por coisas que não estão acontecendo agora. Porém para pessoas assim, é quase impossível sobreviver no presente. Desligar a mente das preocupações e "se dar ao luxo" de viver os sentimentos in natura, sem questioná-los a todo instante parece fraqueza, mas é a solução.

Muito embora eu tenha escrito nesse mesmo blog há bastante tempo que "viver a tristeza também é viver", tenho que voltar a praticar isto. E viver a alegria impunemente também. E a euforia, e raiva, e o ódio momentâneo, e a paz, e... Enfim. Nós, ansiosos, devemos justificar menos e expressar mais. Assumo, então, o compromisso de tratar de mudar gradativamente as minhas ações para diminuir o transtorno.

Por que escrevo tudo isso? Primeiro porque escrever ajuda a organizar o twister mental. Em segundo lugar, porque admito publicamente que estou entrando em um processo - ou tratamento, se quisermos chamar assim - para mudar o mindset. E em terceiro lugar, para pedir apoio e compreensão de vocês pelas atitudes que ainda tomarei baseadas na impulsividade de uma mente ansiosa.
It's a rehab and I said yes, yes, yes.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Voltando?

Em breve esse espaço será devidamente retomado, a fim de proporcionar alguma utilidade real a quem o ler.
A inspiração está voltando.

Aguardem!

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Desamparo agudo

Depois de muitos e muitos anos, é a primeira vez que me sinto desamparada.
E se você pensar na força dessa palavra, perceberá quanta dor, esforço e cansaço ela encerra. É como se depois de tanto lutar, errando e acertando, acreditando ou pagando pra ver, e sempre com a sensação concreta de que alguém lhe apoiava, você percebesse que, de repente, a benção acabou.

Desamparo. É se ver sozinha diante de problemas que parecem já ser ferozes demais. É quando nada mais dá certo como costumava dar antes, e subitamente você se pergunta onde foi que errou, e se deveria voltar pela mesma estrada procurando que bifurcação errada você tomou, ou seguir adiante do jeito que está, porém pisando em passos firmes.

Desamparo. Quando sua família está longe, seus amigos não alcançam a gravidade dos seus temores e o seu amor ainda é verde demais para oferecer... Amparo.

Desamparo. Nem as organizações formais lhe auxiliam - mesmo que por anos você tenha sido boa pagadora, boa funcionária, responsável indivíduo.

Desamparo. Suas crenças espirituais já estão menos claras diante de tanta [des]informação propagada por tantas bocas, e você acredita em algo tão no seu íntimo, tão particularmente, que não tem mais a certeza dada pela fé.

Desamparo. Provoca aquele choro incontido e sincero de quem não suporta mais o peso sozinha, mas não sabe o que fazer.

Isso tudo se cura com um abraço firme, palavras de conforto e apoio para o que der e vier. Tão difícil de encontrar hoje em dia... que além de desamparada, temo também perder a esperança. E aí desfalecer em alma seria questão de tempo.

sábado, 22 de outubro de 2011

Viver a tristeza também é viver

Alguns aprendizados de vida requerem muitos anos para serem aceitos e interiorizados naturalmente. Em um jogo de tentativa e erro se chega a um ponto que une aceitação, dosagem e desprendimento do senso comum - o ponto de equilíbrio.

Ela demorou para compreender que, para ela, o que funciona em situações extremas é viver plenamente sua tristeza. Esgotá-la, exauri-la, chorá-la, revisar suas causas e alcançar as consequências, num exercício de purificação. E foi assim que ela aprendeu a determinar o início, meio e fim de um ciclo de dor.

Na última semana mais um ciclo voraz lhe atacou de surpresa. Sem vontade de conversar com colegas e amigos sobre o que lhe afligia novamente, tudo o que ela desejava era poder trabalhar em home office, para, pelo menos, não precisar encarar a mais temida das perguntas em dias assim:
"Tudo bem?". É odioso ouvir de alguém com pouca sensibilidade essa ingênua pergunta quando não está tudo bem. Aliás, quando é que está TUDO bem?!
E ela se debate interiormente, dividida entre mentir que sim e encerrar o momento constrangedor, ou dizer a simples verdade - "não, não está tudo bem" - e ouvir um plastificado "nossa, o que houve?" que inevitavelmente prolongaria a conversa. Enfim, trabalhar de casa seria o remédio impossível em uma semana cheia de reuniões.

Então ela foi para a empresa e permaneceu quieta pelo máximo de tempo possível nesses dias cinzas. E curtiu sua tristeza em toda brecha encontrada entre as pesquisas urgentes pedidas pelo chefe. Curtiu, revisou as causas, pensou em enfiar os pés pelas mãos inúmeras vezes, lembrou dos compromissos - financeiros e morais - que lhe acorrentam atualmente e recuou. Ao chegar em casa bebeu todo vinho de que dispunha e chorou repetidamente até sentir desidratação. Até secar.

Ela poderia ter fugido da tristeza. Poderia ter tentado desviar dela nas esquinas, ou poderia ter chamado amigos para distrair o coração. Mas sempre que ela voltasse para casa, deitasse na cama e apagasse a luz, sempre reencontraria sua dor irresolúvel. E isso prolongaria um sofrimento crônico, nada saudável.

Muito melhor chorar copiosamente por dois ou três dias - são suficientes, se sinceros ou viscerais - e se levantar da cama em um novo dia, do que transformar uma dor aguda em doença crônica.
Hoje ela já era capaz de sorrir e ver cores à sua volta novamente. E quase era possível se reconhecer no espelho: marota, positiva e capaz de mudar o mundo, como ela sempre quis mudar.
Porque finalmente aprendeu que ela é uma mulher cíclica.

sábado, 15 de outubro de 2011

Vítima do seu próprio escudo

Ela se deu conta, um dia, de que provavelmente perdeu definitivamente o seu amor.
Que tardou demais em perceber que era mais do que empatia, afinidade, paixão ou carinho. E que não deveria ter subestimado tudo isso, em função do seu fucking escudo particular.
Tem explicação:

Houve uma vez, há muito tempo, em que ela disse a si mesma e aos amigos mais chegados que já não seria capaz de se apaixonar. Viveu fechada para novas possibilidades, brincando com relacionamentos e desdenhando as armadilhas do coração. Se convencia de que era suficientemente feliz, para minutos depois reconhecer quão teatral era sua personalidade ali, fabricada por referências culturais e artigos comportamentais escritos por quem jamais a conhecera. Mas ela sobrevivia, a duras penas, mas sobrevivia a isso tudo.

Entretanto, houve uma primavera em que a paixão e o seu suposto antigo amor lhe bateram a porta, um após o outro. Primeiro veio a paixão, embora paradoxalmente serena - e trazendo flores. Veio, se instalou e a conquistou com a promessa de um futuro tranquilo e feliz... até que um dia o jogo virou e ele foi embora, sem convincentes explicações. Ela se quedou olhando para a porta, estupefata, tanto pela perda inesperada (pois ela se recusava a acreditar nos sinais captados há semanas), quanto por ver-se devastada. Justo ela que se julgava incapaz de se apaixonar de novo. Não depois da enorme decepção que lhe causara o homem que, até então, tinha sido o seu maior amor.

Passados poucos dias - uma semana, no máximo - foi justamente o seu amor mal resolvido que reapareceu. E, fragilizada, ela acreditou que valeria a pena ter com ele a conversa franca que nunca tiveram. Quem sabe dessa vez seria diferente? Quem sabe ele havia mudado para melhor? Quem sabe haveria uma chance... e ela cedeu.
Realmente tiveram a DR que faltou nos três anos em que arrastaram um sentimento indefinido e doentio, entre idas e vindas, entre choro e súplicas. Mas ela já não acreditava na verdade daquele amor. Despido de toda mágoa e reserva, ele não passava de uma longa e mal resolvida paixão que lhe procurava sempre que estava fragilizado, sugava tudo de bom que ela tinha e, tão logo se recuperava, ia embora. E ele foi embora outra vez.

Só que nesse meio-tempo, nessa confusão mental em que ela se encontrava, é que apareceu alguém realmente legal. Um cara que lhe ofereceu o ombro e bons conselhos em uma festa em que ela ainda estava suspensa no espaço, oscilando entre o namoro que acabara e o acerto de contas com o antigo caso, com quem ela estava então saindo. Naquela noite tudo o que ela conseguia pensar em lhe oferecer - e tudo o que ele parecia querer mesmo - era a sua amizade sincera; ela percebeu que ele era um bom sujeito afinal. Mas foi aí que começaram seus maiores "problemas".
Quando ela reparou naqueles olhos negros.

- Continua -

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Gray day

Pode ser apenas um teste do uso do app para iOS do Blogger, mas também pode ser a maior verdade dessa quinta-feira com cara de segunda. Há dias que não são fáceis nem esperançosos.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Redatores sem diploma?

Cá estamos no segundo semestre de 2011, e ainda existe grave ineficiência no mercado de redatores de e-mail mkt bancário*. Já estou perdendo as esperanças de receber uma mensagem informativa bem redigida pelo menos uma vez na vida.


E não, nunca fui cliente Itaú.

* Também conhecidos como tentativas de phising ou mera propagação de vírus.